As tecnologias desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), nos últimos 25 anos, geraram um lucro social de R$ 1,2 trilhão. Considerando o orçamento direcionado à entidade no período, R$ 104 milhões, a cada R$ 1 investido foram devolvidos R$ 12 para a sociedade. Os números foram apresentados ontem em evento que comemorou os 49 anos da entidade.
Durante o evento, também foi lançado o primeiro laboratório vivo do agronegócio, o AgNest. Localizado em Jaguariúna (São Paulo), o empreendimento vai oferecer infraestrutura para que as startups do agronegócio desenvolvam novas soluções digitais e sustentáveis.
Conforme a Embrapa, o lucro social de R$ 1,2 trilhão é resultante da consolidação dos indicadores sociais, laborais e de aproximadamente 3.000 estudos de avaliação de impactos econômicos e de estimativa de adoção das cultivares da Embrapa. Ele representa, majoritariamente, a renda adicional obtida pelo setor produtivo ao adotar as soluções tecnológicas da instituição.
O presidente da Embrapa, Celso Moretti, ressaltou que o resultado demonstra a importância das tecnologias desenvolvidas pela entidade para o desenvolvimento do agronegócio e do País.
“Em 25 anos, as tecnologias da Embrapa propiciaram a geração de um lucro social da ordem de R$ 1,2 trilhão, é um valor maior que o VBP de 2021 no País, que foi de R$ 1,1 trilhão. Quando dividimos o lucro social em valores presentes pelo orçamento da Embrapa somado nos 25 anos, observamos que, em média, para cada R$ 1 aplicado, devolvemos R$ 12 para a sociedade. Se alguém tem dúvida de que vale a pena investir em ciência, tecnologia e inovação agropecuária, o aporte feito na Embrapa apenas nos últimos 25 anos trouxe um retorno muito robusto. Além disso, nos últimos 25 anos, geramos, com tecnologias, 1,6 milhão de novos empregos”.
Somente em 2021, o lucro social gerado ficou em torno de R$ 82 bilhões, valor que foi alcançado através da análise de impacto de 169 tecnologias e 220 cultivares de diferentes plantas, entre grãos, frutas forrageiras e hortaliças.
“Com este lucro e as tecnologias geradas pela Embrapa, contribuímos para a geração de 50 mil novos empregos. No ano passado, a cada R$ 1 aplicado na Embrapa, devolvemos R$ 23,4 para a sociedade”, disse Moretti.
Entre as tecnologias que se destacaram nos últimos 25 anos e contribuíram para a evolução da produção nacional estão a fixação biológica de nitrogênio, que gerou um lucro social de R$ 240 bilhões. “Se a Embrapa não tivesse descoberto a fixação, o Brasil teria gastos nos últimos 25 anos cerca de R$ 240 bilhões para comprar adubo nitrogenado, sobretudo para a soja, que é a principal commodity do Brasil. Estaríamos comprando adubo e emitindo bilhões de CO2 equivalentes na atmosfera”.
Outra tecnologia fundamental é o zoneamento agrícola de risco climático, que mostra quando, o que e onde deve ser plantada uma cultura. O lucro social gerado nos 25 anos foi de R$ 123 bilhões.
AgNest
Sempre em busca de soluções inovadoras e sustentáveis para o desenvolvimento do agronegócio nacional, a Embrapa também lançou o primeiro laboratório vivo do agro, o AgNest. Localizado na fazenda da Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna, São Paulo, o espaço será utilizado para que as startups do setor desenvolvam tecnologias e inovações.
“O espaço será um catalisador para o empreendedorismo, o conhecimento científico e para estimular a inovação e o desenvolvimento de tecnologias. Será o ninho de boas ideias do agro. O laboratório tem o grande objetivo de fomentar startups, inovação aberta e o empreendedorismo no agro do Brasil”, disse o presidente da Embrapa, Celso Moretti.
Moretti explicou ainda que já houve uma primeira rodada para a busca de parceiros. Através de edital e de chamamento público, foram selecionados quatro parceiros que irão se estabelecer na fazenda da Embrapa. A previsão é entrar em funcionamento em junho.
“Os nossos parceiros serão a Bayer, o Banco do Brasil, a Nutrien Soluções Agrícolas e Jacto, de máquinas agrícolas. Será um ambiente muito borbulhante de ideias, inovações e relações entre ciência, pesquisa, setor privado e fomento às startups do agro”.
Segundo os dados divulgados pela Embrapa, o espaço será estruturado para proporcionar ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação, para sustentabilidade do agronegócio brasileiro, em um ambiente habilitado para a experimentação em campo, com foco na agricultura digital e com conectividade, fortalecendo a inovação aberta e o empreendedorismo no setor agropecuário.
Está sendo estruturado para se apresentar como um laboratório vivo no ambiente rural, um Farm Lab, com foco em agtechs no conceito Plug and Play, onde startups e corporações, isoladas ou em conjunto, poderão se conectar, desenvolver atividades e acessar o mercado com maior celeridade.
O projeto recebeu financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), com recursos aplicados no aprimoramento da infraestrutura local para instalação de ferramentas de conectividade, sensores, máquinas e equipamentos.